terça-feira, 1 de julho de 2008

Falas tu com rigor

Falas tu com rigor
línguas, livros – cultura!
E em meu corpo se apura
e perdura o calor.

Ouso então te compor
(de amor ou loucura)
alguns versos de jura
em resposta ao fulgor:

vou perder a mensura
e buscar, e propor
para nós, sem fissura

entrelaço e mistura:
da paixão, o vigor;
do rigor, a rasura.

Não posso deixar de fazer alusão às conversas tidas com Magno, sobre a relação entre atrações corporais e intelectuais...
Muitas elucubrações e um soneto - que não foi escrito para ele, mas sofreu influências por meio de interessantes diálogos..

domingo, 29 de junho de 2008

Louca, morta, puta, viril
Remou, reclamo, me arrasto vaga
Por não poder saciar aquele cio

Trinco os dentes, retorço, me rasgo
Arremessei voraz o meu desejo
E dos prazeres que reténs, sequer um trago.

O fogo n’água morna: vapor!
Proferi minhas rudezas, gritei praga
E arrematei com ódio aquele amor.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Velas

Vela acesa para alumiar
Veleiro a flutuar no mar
Vela para não naufragar
na escuridão
Vela de cera
vela de embarcação
devaneio iluminado
chama acesa de luz:
barco de alma velado.

sábado, 14 de junho de 2008

Gira

Eu tenho certeza que o mundo gira
preparando passos ao próximo segundo

Gira eu tenho certeza que o mundo
passa-me atrás quando o vejo – tu.

Mundo gira eu tenho certeza que o
teu ser é quem me faz não mover

O mundo gira eu tenho certeza que
sem que perceba, perco gente, beleza

Que o mundo gira eu tenho certeza
mas por ti perco o pulso desse engenho

Certeza que o mundo gira eu tenho
Tenho certeza que o mundo gira eu

Eu tenho certeza que o mundo gira
e girando, quiçá, você será meu.

domingo, 1 de junho de 2008

versus

O corpo que briga com a intenção da mente.
buscando contatos, enquanto a outra se mantêm ausente.
E lança as suas armas
Laçadas, visgos, amarras.
E a mente se pondo a frente
e no alto.
Como se pudesse desfazer o poder do instinto.
E manter distante o que for tinto.
(colorido ebriamente)

Nada se aproxima, ou será que a epiderme anda dormente
pelo comando da razão?
Não.
Não se nega nunca o poder do envolvente
Corpo, biológico inerente.
O lógico se põe, orgulhoso
Mas o ID se superpõe imponente.

Entorpecentes

Chocolate, vinho...
Futilidade que preenche
o espaço aberto no corpo, pelo espinho
das ausências - solidão.
Felicidades fugazes do entorpecente
no espaço dedicado à proteção, ao aconchego e carinho.
Amoroso carinho, envolvente.
As mãos e os olhos
que o corpo perfurado já não sente.
O calor voraz do vinho, o chocolate:
futilidades pequenas do corpo
preenchendo o que alma falta, no arremate.

O soneto que a Menina fez ao Homem.

Belos os olhos teus,
e não me refiro à cor.
As linhas: fútil fator
frente à ausência de breu

Abismo do tempo é vão
quando no meu, teu olhar.
Mal observo que há
entre os anos desvão.

Quando, do brilho, o fulgor
(que o acaso cedeu)
oferece-me o torpor

não sou capaz de negar
meu mundo dizendo não
e eu a te desejar!

escrito em 06.10.2007