Verão

 

De manhã vi um arco-íris
Agora à noite, a tempestade
Não há coisa mais bonita
Que o verão enfeitando a cidade.
 
A água e a luz se encontram
Tingindo o céu com mil cores
E no coração das pessoas
Espaço para os amores.

O dia enfim amanheceu

 
O dia enfim amanheceu.
Tudo tem seu tempo de durar.
A noite se vai e é o fim do breu
e vem a hora de se levantar.

Pequeno desejo meditativo

A frustração começa no anseio

Sofrer a perda, no apego alheio.

Quem dera acalmar a alma

Nessa realidade bendita

De que tudo sempre se modifica.

Quem dera o meu amor humano

Não sofresse desse egoísmo insano.

Amora silvestre

para Sivan Karnieli

Amora pretinha, azeda e doce

Numa explosão de sabor, divina.

Intensa em tudo que existe

Cor. Aroma. Beleza.

Silvestre amora pequenina

Gigante em sua natureza.

Lá fora

É aqui dentro

Para alguns

Eu

para Gabriela Cardoso

de fogo e brasa

Há situação

Que é de fogo e brasa

à distância, luze

muito perto, arrasa

e a pobre alma

nessa dura estrada

nova cicatriz,

A cada queimada

Cicatriz aqui

Marca acolá

Sem ferir a fundo,

Mas sem libertar

Aí vem os dias

Loucos de exaustão

Que o cansaço pede

uma solução

E alma grita

Solta a desvairar

“Põe fogo em tudo!

Extinguir! Queimar!”

Pra queimar de vez

Não devagarinho

Que é para sumir

Com cada pedacinho

Devasta, massacra

Como frágil papel

Reduzido às cinzas

E a fumaça, aos céus!

Arvoreando

Vivendo na força da árvore frondosa,

da raiz secreta à flor garbosa.

Entre a flor – no ar, e a raiz – profundeza:

o tronco estável que é só firmeza.

E nas folhas verdes: a transição

do passado rijo aos dias que virão.

Na prosperidade desse arvorear,

os frutos futuros não irão faltar.

A força frondosa desse agora

vai jogar sementes por aí afora.

E entre terra e céu: recomeços mil!

Há de se ver – no tempo – o que surgiu...

para Gabriela Cardoso! 

Pelas nossas caminhadas e tanta cumplicidade...