domingo, 19 de outubro de 2008

Sobre tristezas, cantos e sonos.

Cada melancolia tem lá seu tono.
Rigidez vai embora com canto.
A cantiga dessa tristeza é o sono.
Se dormir é cantar: acalanto.

Se dormir fosse fácil...

Dormir é fugir do abandono.
É morrer. Morto, sem pranto.
Mesmo que o som seja mono,
dormir é cantar, tem encanto.

...mas dormir não é fácil...

Dormir... não pagar o abono
da tristeza. E mais tanto.
Encanto. Cantiga. E sonho.
Fluidez. Fuga. Acalanto.

...adormecer é difícil, entretanto.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

As borboletas nunca são achadas

As borboletas nunca são achadas pelas flores.
São elas que escolhem nas quais pousar.
E saem por aí provando
até encontrar o gosto da perenidade...

...e toda flor tem gosto de fugacidade.

As borboletas nunca são pousadas pelas flores.
São elas que escolhem o tempo do namoro
ou o instante de adejar.
E semeiam, a sua escolha, a felicidade...

...e são as flores que ficam com a saudade.

As borboletas nunca sofrem as partidas.
Podem sempre retornar, se quiserem re-pousar,
à seus portos petalados.
E misturar com as flores as cores das aquarelas.

E a flores reviverão as partidas dessas asas tagarelas

As borboletas nunca são achadas.
Mesmo que as flores se espichem em talos até o sol,
continuarão enraizadas
até a gravidade despetalar para si todas as sortes.

Mas até as borboletas têm seus tempos de morte.
E nem tudo se sabe sobre vôos e raízes.

E o que as borboletas não sabem
é que certas flores se desprendem ao ar em cata-ventos
com suas levezas.
Viajando com o vento, ou pairando com a sua ausência.

E o que as flores não sabem
É que as borboletas nem sempre têm forças contra os ventos
Fragilidades de suas naturezas
Por isso carregam consigo o perfume das flores, em essência.

O vento leva, e as borboletas nunca são achadas.
Mas força ele não tem, para fazer as flores serem alçadas.

sábado, 30 de agosto de 2008

Copular

O peso e o contrapeso do corpo.
O balanço do encontro, o encaixe
que alcança e abarca o outro
Corpo:
o contra-corpo do peso racional se perdendo em meio a afetos.
Os seres embarcando no sensorial.
O encontro, o encaixe, o balanço
barco existente entre os picos
do que é sensório e do que é racional.

O despencar das nuvens

Seu juízo não gostava de chuva.
Nunca gostou.
E foi numa dessas noites de tempestade que se perdeu nas águas da irracionalidade.
O juízo? [oh juízo!]
Decidiu permanecer em casa, agasalhado.
E ela se lançou louca por entre os pingos...
Bebeu da nuvem dilacerada, embriagou-se de êxtase e deixou fluir impulso.

Cantou, falou, riu... [aliás, gargalhou]
desnudou-se.
E amou sem escrúpulos aquele corpo molhado que, por acaso, a acompanhara em tempestade.

Quando a chuva passou, agasalhou-se num canto solitário e lá achou o juízo, arrependido de tê-la abandonado.

Então recompôs-se, pois o dia apontava renascendo, ensolarado.

Pelos olhos alheios

Lá vai o palhaço passando
Mulher, filho e fome
O olhar nos ares
E também os malabares
O circense
Vai passando parado
No que eu exigiria crescente

Lá vai a família estrelando
Ares de necessidade
Atravessando aros
Para esconder o tropeçado
O saltimbanco
Lá vai o tempo passando corrente.
E eu, vendo o palhaço carente.

E lá vou eu também carente
Mas do que há de lúdico
E vou morrendo dormente
[Caminhando cego com a pressa
Veemente.]
por não entender que o palhaço
é intenso, independentemente.

Aprendendo a fotografar..



















sábado, 23 de agosto de 2008

Ângulos

Bendita luz!
O que seria do mundo sem as cores que propicias?!

fotos tiradas no percusso PE-PB, em junho de 2008.