quinta-feira, 12 de março de 2009

Pelos Instintos



Arranhar superfície com as unhas
E rasgar com volúpia essa farsa
De que gente não pode ser bicho
Arrancar cada parte sem força
Riscando cortante com as garras
E não falo do falso ou do fútil
Mas de impulso e de vida, pulsantes,
Lascivos, latentes em farras
Do adorno à entranha: algazarras
Do que é fértil, fervente e gritante.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Soneto da Amante

Se contigo sou a outra, não importa.
Saibas tu que serás sempre meu amante.
Se eu achar um grande amor, estonteante
Que não penses nossa sina como morta.

Não convém, das nossas vidas, qual a rota
O caminho, congruente ou discrepante
Cada amor, cada escolha, ou quê frustrante
Terá nada com a volúpia que é nossa.

Nem se conta nosso caso ou se publica
Que fazemos e o que temos é sem fama.
Burocrático esquecemos, não se aplica.

E liberta-se a lascívia e tanto chama
Que entre nós não há porque eu ser pudica:
Te haverá sempre um lugar em minha cama.

Sobre a Intensidade

Quando se está sensível ao sopro,
o ventilador pode ser um incômodo.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A culpa é da pêra.

Eu comi uma pêra lasciva.
Molhada. Lisa.
Eu comi.

Criou em minha saliva a libido.
Não fui eu, juro.
Foi a pêra.

Aquele lúbrico. Nem solicitei.
Eu pedi só a poupa,
o nutritivo.

E o fruto foi dilacerando em minha boca
a ausência da volúpia...
Pêra safada!