terça-feira, 11 de novembro de 2008

Prisma

O verde era o mais bonito
Na época em que os pais e os amores valiam mais que a coloração de ser

Mas desbotou o tempo...
E os momentos espalharam aquarelas...
Deslocaram-se as matizes primarias que residiam nos amores.
E os pais deixaram de ter o tom da verdade absoluta.

A luz incidiu e as cores se tornaram tantas
Que a solidão do verde se tornou sorumbática.

Quando um dia eu nascer uma árvore

Quando um dia eu nascer uma árvore
Talvez o céu não pareça tão distante.
Mas o chão será um dominante, não um dominável.

Para não ser inefável, eu seria um Flamboyant.

Quando um dia eu crescer uma árvore...
O meu mundo será explodido de uma semente
Bastar-me-á água e sol, somente, para felicidade estável.

Para ser explicável: uma chuva e depois um dia quente.

Quando um dia eu viver, como árvore
Dos pássaros, serei sempre ouvinte.
E ainda terei o requinte de me sentir habitável.

Porque o som me será palpável: através do vibrante, tininte.

Quando um dia eu reproduzir como árvore
O mundo será um circular horizonte
E o vento será a minha ponte com o semeável.

No mesmo lugar [estável], farei terras parirem monte.

Quando um dia eu for uma árvore
E morrer. E deixar de ser sombra ao transeunte
A terra fará um ajunte do meu potencial adubável

E na essência permutável terei a certeza que eu não defunte.