sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Um segredo no minério

No interior da terra há escuridão
E um canto onde o sol já não alcança
Está ausente toda luz da imensidão
Tudo ao denso e ao escuro se avança

Luz não chega e o ar se põe escasso
Na sequência vão as cores, se retiram
As nuances e os tons são pouco vastos
Só marrom e preto e cinza que se miram

Nada salta a primeira olhadela
Tudo se parece lúgubre e estéril
Mas se omite, lá, discreto, com candela
Um segredo submerso no minério

Entre a massa mineral está por certo
Algo a mais que se enfurna sob o chão
Para se fazer deveras descoberto
É preciso árdua mineração.

Enfiado e contido no rochedo
Algo precioso em físico se imprime
Escondido entre as pedras, os penedos
E as penhas mora algo de sublime

Algo brilha, e cintila, e resplandece
Colorido. Leitoso ou transparente
E em nada com o escuro se parece
Mais reporta ao que há de reluzente

De vivaz, de sutil e de divino
Qualidades provindas de outro canto
E parece que recolhe, comprimindo,
Um punhado de centelhas do encanto

Será luz que por dentro a terra espelha
Refletindo do céu o mais brilhante?
Ou será que sob o chão pousam estrelas
Que se deram humildemente ao alcance?

Como pode claridade sob o mundo?
No escuro ter colorido império?
Escavar e achar cor bem lá no fundo
Só pode fazer parte de um mistério!