domingo, 14 de dezembro de 2014

O amor

O amor é um bicho grande...
Quando chega inteiro,
parece que só se expande.

Amor à vida,
amor ao outro,
amor a si.

Amor à felicidade de existir. 


O amor é um bicho manso, mas esperto.
Entra de mansinho e vai se espalhando.
Até mostrar pra gente que tudo pode dar certo.


Translogia



Gente, movimento pendular:
estar estável, e já não estar.
Desequilíbrio. Movimento constante.
E uma mania de inventar necessidade.
Por onde quer que ande e passe,
é um tal de inventar saudade.
E ainda um precisar, sentir, querer...
Gente, num eterno movimento de vir a ser.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Olhos

Olhos. Luz que reflete essência
do céu que se abre azulado
em dia aberto e ensolarado,
luzindo e aquecendo a existência.

Olhos. Luz com fosforescência
de dentro. Fogo criado
crescido, aflorado e doado
ao mundo em abrangência.

Sobre os olhos, constatado:
brilho emergido e espelhado.
De fora e de dentro, a afluência.

Quem cerca: atraído, dado.
Como planetas no sol cercado.
Amor. Gratidão. Reverência.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Ipê do céu


Ipê azul turquesa
Abrindo, sonho,
em meu quintal.

Sem som, sem tempo, sem peso.

Leve, sutil, transparente.
Flor clarividente.
E espiritual. 

Com tom, com luz, com paz.

Sem terra, sem chão, sua cor.
Ipê de azul amor.
Celestial.

domingo, 28 de setembro de 2014

Inverno


O inverno.
De fora ou de dentro, o seu começo?

O céu nubla, o peito esfria.
Ou terá sido tristeza
o escurecer desse dia?

O inverno.
De dentro ou de fora, o seu começo?

Sem alegria, o sol se vai.
Terá sido comigo,
ou a temperatura que cai?

O inverno.
Cá dentro e lá fora, seu endereço.

Os bichos dormem, as folhas somem.
Quem teima em ficar alerta?
O Homem.

Lugares

Onde tem pinheiro,
com certeza não dá cajá.

E onde mangueira,
com certeza não manacá.

Humano


Raio fugaz no céu da cidade.
Poça d’água em tempestade.
Fogo flamando fugacidade.
Folhas de outono sem perenidade.

Tudo inquietude.
 
Sinabre fulgurante em movimento.
Desprezo em busca de acalento.
Dor que procura o seu unguento.
Agitação de cabelos ao vento.

Caça à completude.

O vácuo ansiando o ar.
Tensão da corda antes de torar.
Bola de sabão prestes a estourar.
Gota na torneira antes de pingar.

Tanto macro, quanto amiúde.

A incerteza da clarividência.
Dos ciclos do ano, a intermitência.
Imprevisibilidade da reticência.
Traços de uma eterna carência.

Ausência de plenitude.

Seria um defeito ou uma virtude?

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O encanto



O encanto: uma luz.
Amarelo translúcido que reluz,
pleno, no peito.

E haja feito
o interesse num ponto, em meio a tanto,
o olhar repousa nesse canto.

E fica.

O admirado, o que se ama:
algo alheio que fulgura como chama.
Alumia dentro.

Um ser outro, num momento.
Densamente, um espelho refletido;
instantes de ser eu contido.

Espanto.
Um novo belo,
encanto.

Dedico este poema ao professor Manfred Osterroht.