Na sombra, tristonha flor.
Ao longe, o sol em fulgor.
E o botão sem luminescência.
Tem a vida em si e mingua.
Abre mansinha, singela e
tímida;
carregada de insuficiência.
Sem luz ou calor com
intensidade,
vê mirrar sua fertilidade,
este potencial de fluorescência...
Oh sombra, severo algoz!
Por que se fazer tão atroz
e semear tanta carência?
Sem força, as pétalas vão,
e vai também a imensidão
de sonhar com a permanência.
Raquítica, queda sem fruto.
Refletindo antecipado luto:
não perpetuará a existência.
Todo rio começa e termina
Cada um tem seu curso
Diversos os percursos.
Entrecruzam confluentes
Água do leito e sina.
Tem rio que vai transparente
Claro, reluz cristalino
Parece espelhar o divino.
Entre retas, quedas e curvas
Leitos brilhando no sempre.
Outros são águas turvas
Mexidos, cheios de chão
Densos por onde estão.
É terra que sofre e urra
A distância do céu, em vão.
Alguns são longas estradas
E guardam muita história
Metros e metros de memória.
Distâncias acumuladas
No leito com gosto de glória.
Há também o pequenino
De porte curto e estreito
Com pouca força em seu peito.
Pequenos rios na vida
Com gosto de despedida.
E seguem nossos leitos
Cada um começa e termina
Todo ele em seu caminho.
Tanto rio, tanta água
Nesta fluente jornada.