domingo, 28 de setembro de 2014

Inverno


O inverno.
De fora ou de dentro, o seu começo?

O céu nubla, o peito esfria.
Ou terá sido tristeza
o escurecer desse dia?

O inverno.
De dentro ou de fora, o seu começo?

Sem alegria, o sol se vai.
Terá sido comigo,
ou a temperatura que cai?

O inverno.
Cá dentro e lá fora, seu endereço.

Os bichos dormem, as folhas somem.
Quem teima em ficar alerta?
O Homem.

Lugares

Onde tem pinheiro,
com certeza não dá cajá.

E onde mangueira,
com certeza não manacá.

Humano


Raio fugaz no céu da cidade.
Poça d’água em tempestade.
Fogo flamando fugacidade.
Folhas de outono sem perenidade.

Tudo inquietude.
 
Sinabre fulgurante em movimento.
Desprezo em busca de acalento.
Dor que procura o seu unguento.
Agitação de cabelos ao vento.

Caça à completude.

O vácuo ansiando o ar.
Tensão da corda antes de torar.
Bola de sabão prestes a estourar.
Gota na torneira antes de pingar.

Tanto macro, quanto amiúde.

A incerteza da clarividência.
Dos ciclos do ano, a intermitência.
Imprevisibilidade da reticência.
Traços de uma eterna carência.

Ausência de plenitude.

Seria um defeito ou uma virtude?