quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Arvoreando


Vivendo na força da árvore frondosa,
da raiz secreta à flor garbosa.

Entre a flor – no ar, e a raiz – profundeza:
o tronco estável que é só firmeza.

E nas folhas verdes: a transição
do passado rijo aos dias que virão.

Na prosperidade desse arvorear,
os frutos futuros não irão faltar.

A força frondosa desse agora
vai jogar sementes por aí afora.

E entre terra e céu: recomeços mil!
Há de se ver – no tempo – o que surgiu...


para Gabriela Cardoso! 
Pelas nossas caminhadas e tanta cumplicidade...

quinta-feira, 5 de setembro de 2019


Danke liebe Lina Meister für die Deutsch Unterstützung!

Eine Biene kreist über einer Blume
Sie ist an der Blume, dicht.
Was schwingt dazwischen? Was ist’s
Hinter dem Tanz und dem Summen?

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Encontro Humano II



Autenticidade do encontro
Onde o todo se alinha
O universo em um ponto
O sentimento súbito
De repousar os anseios
Num único metro cúbico
Dentro desse espacinho
A semente do infinito
O cosmo todo em um ninho
As almas em paridade
Atravessam as suas janelas
E tudo é apenas verdade
Não há quiçá, nem outrora
Só o impulso de estar
Eternamente no agora

sexta-feira, 26 de julho de 2019

Haicais com São Miguel


 I
Problema-questão
Racionar ou sentir?
Vive o dragão


II
Sentir envolto
Em névoa, neblina
Instinto solto


III
Pensamento-luz
Categoriza tudo
À forma reduz


IV
Pensar aquecido
No calor do coração
Vem intuição


V
Pensar e sentir
No meio soberano
Novo humano


VI
São Miguel quem deu
Os lados, a balança
Na busca do Eu

quarta-feira, 24 de julho de 2019

Encontro Humano



Quando frente a mim vem teu centelho...
Espelho: o meu olhar te vê!
Mas o que em ti eu vejo é meu próprio ser.

E é em ti que enxergo a minha imagem.
Miragem! Sou eu? Ou és tu logo à frente?
A mistura na paisagem é eloquente.

E da mistura em mim, o complexo!
Reflexo: o interesse por ti floresceu!
Mas em nexo...  talvez seja saudade do meu próprio Eu...

para Angelus.

sexta-feira, 19 de julho de 2019

A influência do ar


Um pedaço de mim hiberna
quando um tanto fica acordado.
Aí vem o vento imprevisto
soprando tudo o que existo
e remexe o que está parado.

Há momentos com a tendência
de assentar toda a poeira.
Mas do nada vem o tal vento
bem quando se está desatento
e bagunça a casa inteira.

E é quando todo o pó avoa
que atento a tudo o que guardo:
tanto ao que quieto dormia
e calado bem se escondia
quanto ao que estava acordado.

Vem a alegria e o deslumbre
com esse vento refrescante;
o se refazer e o rever
cada belo pedaço de ser
dessa vida que não é estanque!

Mas é bem nesse movimento
que o vento vem demonstrar
que na sombra empoeirada
também há cicatrizes passadas
e umas dores a latejar.

E entre a dor e o prazer
me surge esse interrogar:
do soprar completo, o todo,
ao deixar decantar o repouso,
o que devo alimentar?

Pois em mim mora algo insano,
que é ter pelo vento amor;
por ele expor por inteiro
desde a sombra ao mais luzeiro
aquilo tudo o que eu sou.

E disso desperta o desejo
de, perene, se ventilar.
Viver soprando a poeira,
e revirando a casa inteira
nesse eterno transformar.

Porém é em tempos sem vento
que algo me faz relembrar
que a terra e a gravidade
produz do meu caos sanidade
e eu posso me reordenar.

E no silêncio e na pausa
eu me ponho a perguntar:
não soa um pouco imprudente
viver com inacabável-sempre
nessa influência do ar?

domingo, 30 de junho de 2019

Entre andarilhos

uns versinhos achados no meio de escritos antigos. 
coisa de outros tempos. 

Eu não posso que você me ame.
Ou logo passo do casto
ao ardente infame.

Nem posso que você me toque.
Minha pele repousada
se ouriça em estado de choque.

Menos posso quando tu me miras.
Toda força que emano
de súbito se retira.

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Espelho



Tem dia que o mundo acorda
Feio, torto e pelo avesso
Pedra, planta, bicho e gente
Só traz trapaça e tropeço.

Depois de resmungar com tudo
Que me cerca e que circundo
É que eu noto, de repente,
Que eu que tou de mal com o mundo.

terça-feira, 11 de junho de 2019

Incidente



A água era só água do mar
virou onda e na praia quebrou.
Penetrou areia, borrifou o ar
tornando-se, de si mesma, alheia.

Quando seu inteiro se espalhou
e o puro em si foi dispersar
perguntou-se, então, “o que sou agora”?

Da pergunta turva veio clarear
o impulso novo que tornou-a cheia:
fez-se solta e plena mundo afora
tanto ainda água, como ar e areia.

segunda-feira, 3 de junho de 2019

Iluminação

para Angelus 
A noite era escura, não se sabia
foi quando do poente
iniciou-se fina passagem.

A luz lambeu a neblina que cobria
e vagarosamente
moveu-se leve a paisagem.

Horizonte afora, a névoa luzia
esplendorosamente
o dia se descortinou em miragem.

Se foi noite, agora tudo se via
em tom e cor ardente
a alma exalou sol em seu traje.

03.06.19