terça-feira, 29 de julho de 2008

Carta

(Ou pseudo-poema)

Vezes me flagro buscando qualquer pergunta, qualquer afirmativa, exclamação ou fato.
Para atingir um fútil contato. [mero]
Sem sentido.

Não há peso. Não há ansiedade.
Ou medo.
Não há nada.

Não há?
Não entendo meu vício de te procurar.
Não entendo.

Não te cobro, juro.
Não me prostro cansada ao pé do muro.
Não me canso.

...e não preciso levantar, portanto.
Ando avante, sempre.
InConstante.

Não se afobe ou remoa, inquieto.
Não pergunte portanto sobre o afeto.
Não pergunte.

Eu te busco, eu sei,
eu te busco.
Mas não arregalo olhos ou ofusco.

Brinco de tatear o escuro.
Eu caminho consciente o vedo
Sem esperar a remoção do muro.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Dois

Coma-mi lo seu na minha boca o desejo na tua carn e minha pern a tu a boca morda-mi nha barriga que sente que sente o teu roçar em meu lá bio lógico o cabe lo que assanha o nervo que ferv e queim a pele na pele na boca nas pernas nos braç os laços que formam nenhumespaçoentreoscorposnenhumespaçoentreoscorposnenhumespaçoentreoscorpos

Maniqueísmo

Sou aquilo que escrevo, componho e pinto?
ou sou apenas aquilo que sinto?

terça-feira, 1 de julho de 2008

Viva

Eu estou viva!
Muito viva.
Do lado de cá ativa
Sensitiva
Viva!
Feliz quem me cativa

Por aqueles que arrebatam
Me espicho, me enrosco
Viro diva.

Em minha casa

Em minha casa, um dia
Uma visita a chamar
Mas cá dentro eu percebia
Residia em mim te amar

Deixei à porta, parado
Quem queria cá entrar
Quebrou até cadeado
Mas não pode me habitar

Viu que é teu meu espaço
E do sonho, cada passo
Que dou. E eu insisti:

Mesmo sendo só quimera
O sonho que me viera,
Nada cabe além de ti!

Falas tu com rigor

Falas tu com rigor
línguas, livros – cultura!
E em meu corpo se apura
e perdura o calor.

Ouso então te compor
(de amor ou loucura)
alguns versos de jura
em resposta ao fulgor:

vou perder a mensura
e buscar, e propor
para nós, sem fissura

entrelaço e mistura:
da paixão, o vigor;
do rigor, a rasura.

Não posso deixar de fazer alusão às conversas tidas com Magno, sobre a relação entre atrações corporais e intelectuais...
Muitas elucubrações e um soneto - que não foi escrito para ele, mas sofreu influências por meio de interessantes diálogos..