sábado, 30 de agosto de 2008

O despencar das nuvens

Seu juízo não gostava de chuva.
Nunca gostou.
E foi numa dessas noites de tempestade que se perdeu nas águas da irracionalidade.
O juízo? [oh juízo!]
Decidiu permanecer em casa, agasalhado.
E ela se lançou louca por entre os pingos...
Bebeu da nuvem dilacerada, embriagou-se de êxtase e deixou fluir impulso.

Cantou, falou, riu... [aliás, gargalhou]
desnudou-se.
E amou sem escrúpulos aquele corpo molhado que, por acaso, a acompanhara em tempestade.

Quando a chuva passou, agasalhou-se num canto solitário e lá achou o juízo, arrependido de tê-la abandonado.

Então recompôs-se, pois o dia apontava renascendo, ensolarado.

Nenhum comentário: