Eu temia teu vazio em minha essência.
Tua partida a tornar o olhar escuro.
E julgava sepulcral a tua ausência
antes mesmo de me pores neste apuro.
Mas a tua covardia mais gritava:
nem amavas, nem mandavas que eu me fosse.
E o amor que viveria defuntava
em teu descuido sombrio, descaso doce.
Até que em mim tu mataste nosso amor
[te suicidasse enfim com tua partida].
E eu que achava que cultivaria dor
recebi a tua morte e fiquei pasma:
acendi velas a ti, eu destemida
e foste tu quem temeste meu fantasma!
4 comentários:
espetacular.
estas me saindo uma augusta dos anjos perfeita.
uma perita na arte
de poetizar.
que tal o manuel de barros?
conheces?
bjs
ahahah
augusta dos anjos é ótimo fátima!
na verdade é um poema aos covardes. E vezes, aos incomunicáveis. E todo resto que couber..
e não conheço o manuel de barros, como faço para conhecer?
manuella, extraordinário!
e me tomaram as palavras aí em cima: "augusta dos anjos", foi a primeira coisa que pensei! (obrigado, 'diarios ionah')
é tão simples que assusta. e eu fiquei ansioso antes de chegar no ultimo verso, porque eu já imaginava qual seria ele, mas não sabia quais palavras você elegeria... saca? putz, fenomenal!
muito bom.
poxa ilton, lisonjiada.
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