quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Soneto do Mal-Assombro

Eu temia teu vazio em minha essência.
Tua partida a tornar o olhar escuro.
E julgava sepulcral a tua ausência
antes mesmo de me pores neste apuro.

Mas a tua covardia mais gritava:
nem amavas, nem mandavas que eu me fosse.
E o amor que viveria defuntava
em teu descuido sombrio, descaso doce.

Até que em mim tu mataste nosso amor
[te suicidasse enfim com tua partida].
E eu que achava que cultivaria dor

recebi a tua morte e fiquei pasma:
acendi velas a ti, eu destemida
e foste tu quem temeste meu fantasma!

4 comentários:

DIARIOS IONAH disse...

espetacular.
estas me saindo uma augusta dos anjos perfeita.
uma perita na arte
de poetizar.

que tal o manuel de barros?
conheces?
bjs

manu moema disse...

ahahah
augusta dos anjos é ótimo fátima!

na verdade é um poema aos covardes. E vezes, aos incomunicáveis. E todo resto que couber..

e não conheço o manuel de barros, como faço para conhecer?

Motorista do Universo disse...

manuella, extraordinário!
e me tomaram as palavras aí em cima: "augusta dos anjos", foi a primeira coisa que pensei! (obrigado, 'diarios ionah')
é tão simples que assusta. e eu fiquei ansioso antes de chegar no ultimo verso, porque eu já imaginava qual seria ele, mas não sabia quais palavras você elegeria... saca? putz, fenomenal!
muito bom.

manu moema disse...

poxa ilton, lisonjiada.