quarta-feira, 4 de maio de 2016

Obra sobre Ruínas


 

Feridas abertas onde não se enxerga
São os olhares duvidando que um dia se erga
A paisagem virada da tempestade passada
O ontem gritando na presente caminhada
Outros tempos, no hoje, através dos escombros
O passado pesando sobre os frágeis ombros
O que se foi grudado no que se é agora
Contínuo indesejável, tempos afora
Peso da lagarta na leve borboleta
E o desejo perene que se esqueça
Qualquer coisa velha que cheira a mofo
E nada adianta todo esforço
A paisagem sombria com o pó de demolição
Sujando as paredes da nova construção
Suja de ontem. Suja de entulho
Por anos a fio. Julho a julho
Cruzando os tempos, restos e sinas
Como planejar a obra sobre as ruínas?


(texto de novembro de 2015)

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